Existem
livros divertidos, outros dramáticos, há aqueles que lemos rápido, outros que
não terminamos. Porém entre todas as categorias existem os excepcionais –
marcam uma vida para sempre – Norte e Sul da escritora inglesa Elizabeth
Gaskell pertence a esta última classificação.
A comparação
com Orgulho e Preconceito de Jane Austen é inevitável. Os dois são obras primas
com seus diferentes modos. Ao passo que em Orgulho e Preconceito o foco é o
amor e casamento, em Norte e Sul o ponto de vista principal é a sociedade. Se você ama a Austen, a Gaskell é uma leitura
obrigatória.
A
genialidade da obra está em cada crítica e análise. Está em ser contemporânea
mesmo após mais cento e cinquenta anos de seu lançamento. Pois, os problemas
abordados na Inglaterra do século XIX, dialogam com a Era Contemporânea. O tema
do trabalho industrial é abordado sob o ponto de vista de proletariado e
empregador. Elizabeth Gaskell trata com crítica a miséria do Norte do Reino
Unido com o olhar de uma personagem ímpar, Miss Margareth Hale.
Miss Hale é
a heroína, independente, orgulhosa e corajosa.
Criada em Londres com sua tia e prima, ela volta para a sua cidade natal
na região rural da Inglaterra no sul para viver com seus pais. Ela mal tem
tempo te apreciar a encantadora paisagem bucólica do local quando recebe a
notícia de que seu pai movido por dúvidas decide abandonar o emprego de
ministro para ir viver em Milton, uma cidade industrial no Norte.
A mudança é
drástica, a cidade é pobre e cheia de fumaça, a casa em que vão morar é
pequena, o dinheiro é escasso. A situação faz com que Miss Hale assuma a
responsabilidade pelo bem-estar da mãe e por consolar o pai, que passa a lecionar
para sustentar a família. O seu aluno favorito é Mr. Thornton, um rico
industrial.
Miss Hale se
compadece com a miséria a sua volta, a situação injusta com os empregados das
fábricas. Ela visita Bessy uma enferma em estado terminal e com sua ajuda
consegue trazer um pouco de paz para os últimos dias da garota.
Mr. Thornton e Margareth discutem abertamente
sobre o modo dos patrões agirem. Os dois têm opiniões completamente
divergentes. Certo dia, ela vai pedir ajuda a família Thornton, pois sua mãe
está gravemente enferma, quando a mansão do industrial é cercada por grevistas
enfurecidos, Margareth pede que Mr. Thornton enfrente a multidão e converse com
os trabalhadores, para chegar a um acordo, acontece que eles ameaçam ataca-lo,
então Margareth o abraça tentando protege-lo, é em vão ela é atingida por uma
pedra e perde a consciência. Este é um dos pontos altos do livro, confesso que
chorei, pois ele pela primeira vez declara o seu amor, ainda que ela esteja
inconsciente:
“- Oh, minha
Margareth, minha Margareth! Ninguém sabe o que você é para mim! Morta... fria
como você está agora, você ainda é a única mulher a quem amei! Oh,
Margareth...”
No dia
seguinte ao acidente, ele a pede em casamento, no entanto ela o recusa, dizendo
que protegeria qualquer pessoa, que sua atitude não tinha nada a ver com o amor
e sim com piedade. A recusa firme dela é motivada pelo seu orgulho, pois
escutou a família Thornton dizendo que ele teria que casar com ela diante da
demonstração de afeto tão impudica que Margareth teve em público. A partir daí
eu fiquei o resto do livro tentando descobrir se ela gostava ou não dele, não
posso contar a minha conclusão e antes que me acusem de revelar muito, tudo
isso já é dito na sinopse do livro.
No decorrer
da obra há muitas reviravoltas e provações para Margareth, o foco não é no
romance que é abordado em segundo plano, muitas vezes nas entrelinhas, mas
confesso que foi a parte que eu amei. É preciso ter muita percepção, mas em
toda obra o amor está ali, nos pequenos detalhes, nos olhares até mesmo no
aparente desdém.
Mr. Thornton
é orgulhoso, poderoso, porém gentil, atencioso e muito eloquente. Apesar de ter
a principio uma visão um tanto arcaica dos empregados. É a partir de agora, o meu personagem épico
favorito, passou a frente do Mr. Darcy, acreditem!
Para encerrar, abaixo o meu
diálogo favorito entre Miss Hale e Mr. Thornton.
“- Eu posso
adivinhar. Sua primeira exclamação será Aquele Homem!
- Silêncio!
- disse Margareth – Ou vou tentar lhe mostrar o tom indignado da sua mãe quando
disser Aquela mulher!”
Oi,
ResponderExcluirPode me julgar, mas nunca li nada da Jane Austen (sim, eu sei chocante né?), por mais que eu morra de vontade de ler e a quase certeza que irei gostar. Ainda não tinha ouvido falar desse livro, mas você falou tão bem desse livro que fiquei super curiosa para lê-lo.
Beijos,
http://comoum-sonho.blogspot.com.br
Oiee!
ResponderExcluirAmo Austen, logo preciso ler esse livro!!
Gostei da resenha e principalmente dos quotes!
Adorei a capa, eu não sei porque mas quando olhei pra capa o que me veio a cabeça foi O Morro dos Ventos Uivantes!
Beijoos
Garota Liber
http://garotaliber.blogspot.com
Oi, Ana! Sua resenha está maravilhosa! Você escreveu muito bem sobre o livro e me deixou com vontade de lê-lo. Já li Orgulho e Preconceito, mas foi tão às pressas que nem lembro os detalhes da história! :/
ResponderExcluirBeijos
http://sonhos-em-paginas.blogspot.com.br/
Não tenho como comparar pq ainda não li nada de Jane Austen, mas em breve quero fazer isso,e u preciso fazer isso.
ResponderExcluirAdorei a resenha.
http://clicandolivros.blogspot.com.br/
Beijos :)
Você já me ganhou quando disse que o livro tem uma classificação excepcional e ainda comparou com meu amado Orgulho e Preconceito, ótima resenha e agora tenho mais um livro na minha lista pra ler hehe
ResponderExcluirbjos